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Importância do monitoramento sorológico na avicultura

Eliana Neire Castiglioni Tessari
Ana Lúcia
Sicchiroli Paschoal Cardoso

 

Na avicultura, o controle das enfermidades é feito através do uso correto de medidas sanitárias e programas de imunoprofilaxia cuidadosamente elaborados, que visam prevenir a instalação de doenças nos plantéis.

A sorologia é uma metodologia laboratorial que visa o estudo e a mensuração das reações antígeno-anticorpo através do soro, após a exposição do hospedeiro a um determinado agente estranho, ou seja, a sorologia mede uma resposta específica do organismo frente a um antígeno específico. Consiste em detectar e quantificar a presença de anticorpos para um determinado agente. A detecção de anticorpos é a melhor opção para diagnosticar uma infecção, uma vez que o agente infeccioso tende a ser eliminado com a evolução do quadro. Apenas anticorpos permanecem e servem como prova de que a infecção ocorreu. Logo, podemos dizer que a sorologia representa um método indireto para o diagnóstico de infecções.

Testes sorológicos qualitativos são empregados para a definição da simples presença ou ausência de anticorpos contra uma infecção/doença. Quando se deseja avaliar o nível de anticorpos para determinar níveis de proteção pós-vacinal, acompanhar a queda de anticorpos maternos para iniciar uma vacinação, ou determinar a eficácia de uma exposição controlada de animais susceptíveis, torna-se necessário o uso de uma prova quantitativa. Estão presentes no soro diferentes tipos de anticorpos ou imunoglobulinas dependendo do estágio da resposta do sistema imunológico no momento em que o soro foi coletado. As imunoglobulinas M (IgM) são produzidas no início da resposta e após alguns dias, são seguidas por níveis mais elevados de imunoglobulinas G (IgG). Alguns procedimentos sorológicos são mais eficientes na detecção de alguns tipos de imunoglobulinas (tal como a IgM) do que outros e, portanto, este fato deve ser considerado quando se faz a seleção de testes para a detecção do início de surtos (por exemplo, o teste rápido de aglutinação em placas para micoplasmas). Dias mais tarde, os resultados das respostas sorológicas iniciais podem ser confirmados através da coleta adicional de amostras de soro e o emprego de testes que detectem a IgG com eficiência: testes de inibição de hemaglutinação (HI) e Enzime–linked immunosorbent assay (ELISA).

A técnica de ELISA é utilizada para detectar ou medir o nível de anticorpos (ELISA indireto) ou antígenos (ELISA direto). Esta técnica possui alta especificidade e sensibilidade, bem como rápido processamento de múltiplas amostras.

Através da sorologia pode-se determinar o perfil sorológico de um plantel avícola. A partir daí, pode-se avaliar se ele esteve exposto a algum agente infeccioso, determinar o momento em que ocorreu a infecção, ou em que fase do ciclo do plantel cada agente infeccioso está circulando. Deve-se levar em consideração o fato de que certas infecções são subclínicas, daí que o conhecimento dos perfis sorológicos pode ser uma forma de reconhecer a sua presença.

A monitoria sorológica quando realizada em populações com doenças endêmicas ajuda a selecionar e definir as formas de uso das estratégias de controle. Em plantéis de alto nível sanitário, o monitoramento sorológico é uma ferramenta valiosa de vigilância epidemiológica que, em conjunto com a biosseguridade, pode ajudar a prevenir o ingresso de agentes infecciosos em plantéis livres.

O programa de monitoramento sorológico tem como objetivo reduzir os riscos de infecções em uma população específica e aumentar o controle sanitário dos plantéis avícolas. Para tal, faz-se necessário desenvolver e implementar normas e procedimentos rígidos em todos os segmentos da produção por meio de programas de biossegurança.

A sorologia por si só não permite o fechamento do diagnóstico, para tal, devem ser considerados os parâmetros: clínicos, epidemiológicos e os achados de necropsia, sem os quais a interpretação da sorologia é impossível. São necessários objetivos bem definidos e interpretação correta dos dados para que sejam obtidos os reais benefícios. As provas sorológicas devem realizar-se freqüentemente, estabelecendo programas práticos e econômicos. Uma vez estabelecido o programa, podem ser realizados os ajustes e modificações tanto na frequência das análises como nos programas de vacinação.

A avaliação rotineira da resposta sorológica ajuda a determinar parâmetros tais como: a qualidade da vacinação, a técnica de administração, as idades mais convenientes para a vacinação, a interferência na resposta devida a outras vacinas ou às práticas de manejo, a exposição aos vírus patogênicos de campo, incluindo as condições imunodepressoras que diminuem a resposta à vacinação, determinar os níveis de imunidade materna e comparar a eficácia das vacinas.

Para a comercialização nacional e para exportação de produtos avícolas faz-se necessário o monitoramento oficial dos plantéis avícolas, realizado em laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para salmoneloses, micoplasmoses, vírus da doença de Newcastle, influenza aviária e laringotraqueíte das aves.

O Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (CAPTAA), unidade do Instituto Biológico, sediado em Descalvado, SP, é credenciado pelo MAPA para as análises sorológicas através da técnica de SAR para Mycoplasma gallisepticum (MG), Mycoplasma synoviae (MS) e pulorose aviária. A partir de agosto de 2011, o CAPTAA obteve a extensão de escopo do credenciamento para novos diagnósticos e fazem parte desta lista as análises através do teste ELISA para doença de Newcastle, MG, MS, influenza aviária e laringotraqueíte infecciosa das aves e o teste imunodifusão em gel de agar (IDGA) para influenza aviária e laringotraqueíte infecciosa das aves.

O monitoramento das micoplamoses nos plantéis de matrizes consiste em exames sorológicos através de soro aglutinação rápida (SAR), HI e ELISA. Para Salmonella spp. compreende SAR e, caso ocorra reação positiva, deverá ser complementada com soro aglutinação lenta (SAL) em tubo; persistindo a positividade sorológica, utiliza-se isolamento bacteriológico.

Os métodos mais utilizados para mensurar títulos de anticorpos contra o vírus da doença de Newcastle são os testes de inibição da hemaglutinação (HI) e o teste ELISA.

Para o monitoramento de influenza aviária e laringotraqueíte infecciosa das aves os testes sorológicos mais utilizados são: IDGA e teste ELISA.

Exames sorológicos das principais doenças virais como Gumboro, bronquite infecciosa, anemia infecciosa das galinhas, entre outras, são realizados através do teste ELISA.

O responsável técnico pela granja deve estabelecer um cronograma da coleta de materiais para os exames. Esse cronograma deverá seguir a ordem cronológica do plantel de acordo com o exame requisitado. O número de amostras a serem colhidas deverá ser determinado pela prevalência da doença. Salientamos que é importante realizar amostragem representativa do plantel (número de amostras colhidas). Esse procedimento ajudará na boa interpretação dos resultados e até mesmo na implantação de medidas corretivas e preventivas. Um número reduzido de amostras pode levar a resultados inconsistentes e de pouco valor diagnóstico e epidemiológico.

Escolher o tipo correto de vacina, boas práticas de manejo, biossegurança e monitoramento sorológico são extremamente importantes para uma proteção plena dos plantéis avícolas.

Entendemos que sendo o Brasil grande produtor e exportador de aves, é cada vez maior a necessidade de medidas de biossegurança no setor produtivo, não só visando a obtenção de melhores resultados de produção, mas principalmente para agregar valor ao produto, uma vez que problemas sanitários graves podem comprometer a exportação dos produtos avícolas.

Obs: Referências bibliográficas consultar os autores.

Origem: Instituto Biológico - www.bioblogico.sp.gov.br


Eliana Neire Castiglioni Tessari concluiu o mestrado em zootecnia (qualidade e produtividade animal) pela Universidade de São Paulo em 2004. Atualmente é Pesquisador Cientifico do Instituto Biológico. Atua na área de imunologia e bacteriologia, com ênfase em microbiologia aviaria. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção cientifica, tecnológica e artístico-cultural são: aves, Salmonella, coliformes, abatedouro avícola, coliformes, afb1, fb1, parâmetros hematológicos, resposta imunológica humoral, frangos de corte; efeitos tóxicos, água, granjas avícolas e antimicrobiano.
Contato:
etessari@biologico.sp.gov.br

 

Ana Lucia Sicchiroli Paschoal Cardoso concluiu o mestrado em medicina veterinária pela Universidade de São Paulo em 2004. Atualmente é Pesquisador Cientifico do Instituto Biológico. Atua na área de microbiologia e imunologia, com ênfase em avicultura. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção cientifica e tecnológica sao: antimicrobianos, aves, Salmonella, micoplasmas aviários, Aspergillus spp., doenca respiratória, fungos, Campylobacter jejuni, PCR, hematologia aviária, frangos de corte, afb1, fb1, efeitos tóxicos, água, aves, coliformes, qualidade da água, rede de abastecimento, Escherichia coli, teste de soroaglutinação rápida, elisa, teste de sensibilidade, carcaças de frango, incubatório, abatedouro avícola, segurança alimentar.
Contato: alspcardoso@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

Tessari, E.N.C; CARDOSO; A.L.S.P. Importância do monitoramento sorológico na avicultura. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_3/MonitoramentoSorologico/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 24/08/2011