Rotaviroses em criações de suínos*
Fábio Gregori As diarréias em animais representam uma das principais causas de morbi-mortalidade do período neonatal, caracterizada como uma síndrome de grande complexidade etiológica, que conta com a influência de alterações ambientais, manejo, fatores nutricionais e fisiológicos, os quais cooperam para o agravamento dos quadros, acarretando graves prejuízos à exploração econômica racional dos animais de produção, tanto pela diminuição na produtividade como em termos de custos com tratamentos. Em suínos, por exemplo, vários agentes infecciosos podem estar envolvidos na etiologia das diarréias; entretanto, estão mais comumente associados ao processo infeccioso os rotavírus, Escherichia coli enterotoxigênica, Isospora suis, Eimeria spp e Cryptosporidium sp. Em relação aos agentes virais, merece destaque o gênero Rotavirus, dada a sua ocorrência, variações antigênicas e potencial zoonótico. As infecções por rotavírus já foram assinaladas em diversas propriedades de criação de animais no Brasil, particularmente em suínos, demonstrando que esse agente está bastante disseminado. Com relação à sintomatologia clínica apresentada pelos animais infectados pelos rotavírus, os sinais incluem diarréia, prostração, anorexia, febre e desidratação, o que ocorre principalmente nas primeiras quatro semanas de vida do animal, com período de incubação variando de 18 a 96 horas. A mortalidade depende da severidade do quadro de diarréia, do grau de desidratação e da associação com outros agentes.
A porta de entrada para a infecção é a via oral, enquanto que as vias de transmissão incluem fezes, água, alimentos contaminados e até mesmo moscas, que funcionam como vetores mecânicos do agente.
O diagnóstico das rotaviroses deve ser direto, dada a elevada prevalência de anticorpos contra os vírus entéricos e pelo fato de não haver associação suficientemente discriminativa entre os títulos séricos de anticorpos e proteção para a enfermidade. Atualmente o Instituto Biológico oferece à comunidade o diagnóstico desta enfermidade através das técnicas de ELISA e PAGE (eletroforese em gel de poliacrilamida). Com a introdução de técnicas de confinamento, principalmente em bovinocultura de leite e suinocultura, associado a um manejo inadequado de excretas, houve como conseqüência uma ascensão nos níveis de contaminação dos ambientes de criação, que pode levar ao aumento da ocorrência de infecções por rotavírus. Isto torna-se particularmente problemático em criações com pouca ou nenhuma tecnificação. Apesar de ser um vírus circulante, são muito raras as descrições acerca da caracterização de genótipos de rotavírus envolvidos em surtos de diarréias em criações de suínos no Estado de São Paulo. Sendo a imunidade sorotipo específica é recomendável que os sorotipos ou genótipos G e P circulantes sejam rotineiramente monitorados, para que se atue com mais segurança na imunoprofilaxia da infecção. Além disso, a caracterização dos rotavírus pode fornecer informações importantes acerca do seu caráter zoonótico e da possibilidade de transmissão interespécies, da ocorrência de infecções mistas e de genótipos atípicos de rotavírus em suínos. Nesse sentido, os pesquisadores do Laboratório de Doenças de Suínos “Washington Sugay”, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal do Instituto Biológico estão caracterizando, através de técnicas de Biologia Molecular, as amostras de rotavírus encontradas em criações de baixa tecnificação no Estado de São Paulo, com o intuito de contribuir no entendimento da epidemiologia da doença, sobretudo no que diz respeito à proteção dos suscetíveis através de vacinação. * Artigo originalmente publicado no site do Instituto Biológico. www.biologico.sp.gov.br
Fábio
Gregori
concluiu o doutorado em epidemiologia experimental e aplicada às
zoonoses pela universidade de São Paulo em 2003. Atualmente é
Pesquisador Centifico do Instituto Biológico. Tem experiência na
área de Medicina Veterinária, com ênfase em Medicina Veterinária
Preventiva. Atua principalmente nos seguintes temas: educação,
virologia, coronavírus, diarréia, epidemiologia, rotavírus,
avicultura, rotavírus, calf diarrhea e pcr.
Vera Letticie de Azevedo Ruiz
concluiu o mestrado em Ciências (Microbiologia) pela Universidade de
São Paulo em 2004. Cursa doutorado em Epidemiologia Experimental e
Aplicada às Zoonoses pela Universidade de São Paulo desde 2004.
Atualmente é Aluna de doutorado da Universidade de São Paulo e
Pesquisador Científico Nível 1 do Instituto Biológico. Tem
experiência na área de Medicina Veterinária. Atua principalmente nos
seguintes temas: PCR, Medicina Veterinária Preventiva, Biologia
Molecular, PCV 1, PCV 2, suíno, Brasil, Circovírus, Coronavírus e
Microscopia Eletrônica.
Josete Garcia Bersano possui graduação em Medicina Veterinária
pela Universidade Federal Fluminense (1973). Atualmente é Diretora
do Centro de Sanidade Animal e efetivo do Instituto Biológico. Tem
experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Patologia
Animal. Atua principalmente nos seguintes temas: sanidade de suínos
do Estado de São Paulo, pesquisa e diagnóstico de doença de Aujeszky,
peste suína clássica e parvovirose suína.
Tamara Centofanti atualmente é Estagiário do Instituto
Biológico. Tem experiência na área de Medicina Veterinária , com
ênfase em Medicina Veterinária Preventiva. É
Bolsista de Iniciação Científica
Reprodução autorizada para fins acadêmicos desde que citados os autores e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): GREGORI, F.; RUIZ, V.L.A.; Bersano, J.G.; CENTOFANTI, T. Rotaviroses em criação de suínos. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/Rotavirose/index.htm>. Acesso em: 12/5/2025 Publicado no Infobibos em 11/12/2006 |